Formado por um palácio real, basílica, convento, jardim e tapada. A sua construção foi iniciada em 1717 e a sagração da basílica ocorreu em 1730. Possui importantes coleções de escultura italiana, pintura italiana e portuguesa, paramentos, bem como uma imponente biblioteca, dois carrilhões, seis órgãos históricos e uma enfermaria do século XVIII. Encontra-se inscrito na Lista do Património Mundial da UNESCO, desde 2019.
Sendo o mais importante monumento do barroco português. A antiga propriedade real ocupa mais de 1200 hectares e palácio tem uma área de implantação de cerca de 38.000 m2, fazendo deste monumento um dos maiores da Europa.
O Magnânimo
João V (Lisboa, 22 de outubro de 1689 – Lisboa, 31 de julho de 1750), apelidado de O Magnânimo, foi Rei de Portugal e Algarves de 1706 até à sua morte. Em 1709, já como Rei de Portugal, D. João V casa com Maria Ana de Áustria, filha do imperador Leopoldo I da Áustria. O casal teve seis filhos, sendo sucedido por um deles, D. José I.
O seu longo reinado de 43 anos pode ser dividido em dois períodos: uma primeira metade, em que Portugal teve um papel ativo e relevante na política europeia e mundial; e uma segunda metade, a partir da década de 1730, em que a aliança estratégica com a Grã-Bretanha gradualmente assumiu maior importância, e o reino começou a sofrer uma certa estagnação.
Como rei, João V empenhou-se em projetar Portugal como uma potência internacional. Os principais testemunhos materiais do seu tempo são: O Palácio Nacional de Mafra, a Biblioteca Joanina da Universidade de Coimbra, o Aqueduto das Águas Livres em Lisboa, e a maior parte da colecção do Museu Nacional dos Coches, possivelmente a mais importante a nível mundial, igualmente na capital portuguesa. No campo imaterial, merece destaque a extinta Academia Real da História Portuguesa, precursora da actual Academia Portuguesa da História, assim como a criação do Patriarcado de Lisboa, um dos três patriarcados do Ocidente da Igreja Católica.
O último feito diplomático do reinado de João V foi o Tratado de Madrid de 1750, que estabeleceu as modernas fronteiras do Brasil. Os vestígios do seu reinado no Brasil incluem cidades como: Ouro Preto, então capital do distrito do ouro das Minas Gerais; São João del-Rei, assim nomeada em sua honra; Mariana, que recebeu o nome da rainha; São José, a que foi dada o nome do príncipe herdeiro; assim como numerosas outras cidades, igrejas e conventos da era colonial.
Encontra-se sepultado no Panteão dos Braganças, na Igreja de São Vicente de Fora da mesma cidade.
O Palácio de Mafra
O Palácio de Mafra ou Real Convento de Mafra, foi uma obra ordenada construir em 1711 pelo rei D. João V, para cumprir um voto pelo nascimento de um primogénito.
"(...)D. Maria Ana Josefa, que chegou há mais de dois anos da Áustria para dar infantes à coroa portuguesa e até hoje ainda não emprenhou." in Memorial do Convento
Para a este palácio encomendou o rei D. João V esculturas e pinturas a mestres italianos e portugueses, paramentos italianos e tapeçarias francesas e, na Flandres, dois carrilhões com 92 sinos – o maior carrilhão do seu tempo, e ainda uma pedra inteira com com sete metros de comprimento e três metros e sessenta e quatro centímetros de largura, tendo um peso de trinta e uma toneladas, esta pedra foi destinada á varanda sobre o pórtico da igreja.
Integra ainda um conjunto de seis órgãos históricos na basílica, uma importante biblioteca com cerca de 30.000 volumes, sendo a maior livraria numa só sala em toda a Europa. Do núcleo conventual destaca-se a enfermaria, única sobrevivente da época.
Foi residência de Estado durante a regência do príncipe D. João (VI), desde as invasões napoleónicas recebeu aquartelamento militar e serviu de residência sazonal à Família Real. Foi a partir deste palácio que D. Manuel II, último monarca português, seguiu para o exílio, a 5 de outubro de 1910.
A Ordem dos Franciscanos
Em 1711, no cumprimento de um voto de ação de graças pelo nascimento de um herdeiro, D. João V autoriza a construção de um convento destinado aos frades capuchos da Ordem de São Francisco, prevendo-se inicialmente a construção de um pequeno cenóbio para 13 frades.
"Prometo, pela minha palavra real, que farei construir um convento de franciscanos na vila de Mafra se a rainha me der um filho no prazo de um ano a contar deste dia em que estamos..." in Memorial do Convento
Com a decisão de se construir, em Mafra, o novo Palácio Real e de aí integrar a dupla função de Residência de Estado e de casa religiosa, os projetos iniciais para albergar um número cada vez maior de frades (13, 40, 80) foram abandonados e adotou-se um novo modelo construtivo, ao Modo Nostro jesuítico, permitindo albergar uma comunidade de 300 frades.
Trezentos e vinte e oito frades arrábidos ingressaram, em 1730, na comunidade de Mafra, vindos de diversos conventos na região mandados extinguir por Decreto Real. No reinado de D. José I, em 1771, os franciscanos, já em número muito reduzido, foram enviados para o Convento da Arrábida, em Setúbal, passando a casa religiosa a albergar os Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, transferidos de São Vicente de Fora para Mafra. No reinado de D. Maria I, em 1791, os franciscanos regressam de novo a Mafra.
Linhas de Torres
As Linhas de Torres Vedras, ou simplesmente Linhas de Torres e ainda Linhas de Defesa a Norte de Lisboa são o conjunto de 152 fortificações e outros trabalhos defensivos, construídas entre 1809 e 1812, tinham como objetivo impedir o acesso a Lisboa às forças da terceira invasão francesa.
As Linhas de Torres foram mandadas construir pelo Duque de Wellington em Outubro de 1809, com o objetivo de deter uma terceira invasão francesa que se adivinhava. Tentava-se evitar que as forças napoleónicas chegassem a Lisboa. Nesse sentido foram construídas três linhas de defesa com várias dezenas de quilómetros.
A primeira linha estende-se de Torres Vedras, passa pelo Sobral do Monte Agraço e termina em Alhandra. A segunda percorre as áreas de Mafra, Montachique e Bucelas. A terceira cobre a enseada de S. Julião das Barra.
As construções defensivas aproveitam as irregularidades do terreno e compreendiam linhas de trincheiras, baluartes de artilharia, fortins e fortes. Em alguns pontos foram também abertos fossos ou realçados acidentes naturais do terreno.
A construção deste intricado sistema de defesa levou cerca de um ano, e Wellington esperava parar as tropas francesas antes destas chegarem à capital ou, pelo menos, ganhar tempo para embarcar as tropas ingleses em Lisboa.
As primeiras tropas francesas avistaram as linhas de torres em 11 de Outubro e Massena percebeu que seria impossível ultrapassar este obstáculo sem reforços.
Registaram-se pequenas escaramuças mas Massena acabou por retirar ao fim de cerca de um mês. O exército francês iria deambular pelo país durante vários meses, perseguido por Wellington, antes de retirar para Espanha.
Com a partida da Família Real para o Brasil em 1807, mesmo antes da entrada de Junot em Lisboa, grande parte do recheio do Palácio de Mafra foi levado, desde pinturas, mobiliário, tapeçarias e porcelanas. Muitas destas peças não regressaram. Na época o numero de religiosos no convento diminuiu para cerca de 20 frades idosos, quando os franceses entraram na Vila de Mafra a 8 de Dezembro de 1807, permanecendo no edifico durante vários meses as forças invasoras tiveram aqui o seu quartel-general.
Será no reinado de D. Maria II que a corte retoma o habito de voltar a Mafra, juntamente com o Marido D. Fernando II ordenou diversas obras de recuperação do edifício e modificação do jardim.
D. Carlos I
D. Carlos I e a esposa, D. Amelia de Orleães frequentavam regularmente o Palácio de Mafra, primeiro como príncipes herdeiros e mais tarde como reis, percorrendo a Tapada para caçar gamos, javalis ou para pintar, passatempo a que ambos se dedicavam.
O Palácio de Mafra está também associado ao fim da monarquia, pois acolheu o D. Manuel II filho do rei D. Carlos I assassinado em Lisboa em 1908. D. Manuel passou a sua ultima noite em Mafra antes de partir para o exilio juntamente com sua mãe a Rainha D. Amelia.
Outros lugares para visitar em Mafra
Jardim do Cerco
Um Jardim Barroco que lhe oferece espelhos de água, caminhos largos, árvores frondosas e uma nora centenária ainda em funcionamento. Inspirado em Versalhes, o bosque e os jardins estendem-se por oito hectares, com ofertas de recantos, sombras, cascatas e até mesmo uma horta peculiar: a Horta dos Frades. É a transição perfeita entre a vastidão da tapada real e a monumentalidade do Palácio Nacional de Mafra, que se ergue num dos seus flancos.
Tapada de Mafra
Criada no reinado de D. João V, após a construção do Convento de Mafra, como um parque para lazer do monarca e da corte, a Tapada Nacional de Mafra constitui hoje um património natural de características únicas.
Numa área de mais de 800 hectares, veados, gamos, javalis, raposas, aves de rapina e muitas outras espécies coexistem num cenário de flora invulgarmente rica e diversificada. Local de eleição dos soberanos de Portugal para o lazer e para a caça, a Tapada de Mafra ganhou por isso um cunho próprio de nobreza que ainda hoje é preservado e continuado.
O Palácio e Convento de Mafra é visitável todos os dias exepto ás terças, pode fazer a sua reserva para o tour Palácios Reais e assim visitar este e outros locais importantes da Família Real Portuguesa.