Lisboa antes de o ser, era a Olissipo dos romanos e a a Al Uxbuna dos Muçulmanos. Em 714, aproveitando uma guerra civil dos visigodos, tropas mouriscas lideradas por Tárique invadem a Península Ibérica, Lisboa é tomada por mouros do norte de África.
Até meados do século XI a Lisboa Muçulmana foi, no contexto urbano do Al-Andalus, uma cidade menos, com pouca relevância politica e de modesta dimensão urbana relativamente ao que seria nos dois últimos seculos de domínio muçulmano.
Três factores explicam a posição secundária que caracterizou a cidade, entre os séculos VIII e XI, parte maior do domínio muçulmano da urbe.
A posição de periferia geográfica empurrou Lisboa para fora da esfera de interesse e atenção do poder emiral e califal que tinham a sua sede em Córdova. A sua extrema dimensão física confirmava a macrocefalia de Córdova como centro do poder islâmico na Ibéria.
Nesta época, as cidades costeiras eram lugares pouco seguros devido às constantes acções de saque e pilhagem efectuadas pela pirataria normanda que dominava os mares do Atlântico. Em 844 ataques viquingues a cidades do Sul muçulmano como Lisboa e Sevilha criam insegurança o que impedia o desenvolvimento urbano de Lisboa neste período onde os viquingues dominavam o Atlântico.
Todo o Al-Andalus albergava uma vasta população moçárabe, ou seja, cristãos que viviam no seio do Islão, e Lisboa seria um dos centros urbanos onde essa população teria maior dimensão. Esta realidade de uma Lisboa multicultural perdurou até ao século XII, sendo notada por Sigurd o Viking (o que foi a Jerusalém), que em 1109 atacou Sintra e Lisboa, descrevendo os habitantes da cidade como meio cristãos e meio pagãos, ou seja, muçulmanos.
Estes três factores ajudam a compreender o papel secundário que a cidade teve até ao início do século XI, momento em que se alteram as variáveis políticas no governo al-Andalus e momento em que a cidade inicia um percurso ascendente em termos de relevância política e de dimensão urbana que terminará no cerco de 1147.
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