Embora possa esta história possa parecer mais uma lenda de Sintra, parte dela será verdade. Um relato lendário de um dos flagelos do Norte que descendo pelo Atlântico entrou um dia em Sintra pelo rio de Colares, Sigurd o Viking, foi rei da Noruega de 1103 a 1130. Foi um dos três filhos do rei Magno III, todos de mães diferentes, mas embora todos bastardos tiveram direito ao trono após a morte do pai.
Numa grande expedição de cerca de 10.000 noruegueses e alguns suecos e dinamarqueses chefiada pelo próprio rei Sigurd, soberano jovem, valente e ávido de renome.
Após invernar em Inglaterra e de fazer estragos na costa da Galiza - neste último caso, os acontecimentos tiveram lugar após o governador local deixar de abastecer as forças nórdicas com a comida e os suprimentos adequados - começara então as incursões e pilhagens à costa do al-Ândalus, bem ao estilo dos piratas vikings, liderados por Sigurd, seguia em cruzada a caminho da Terra Santa, com cerca de 60 navios.
Continuando a sua viagem para Sul, no actual território português, em 1109, Sintra, Lisboa e Alcácer do Sal foram os locais seguintes atacados por Sigurd e pelas suas forças. No que diz respeito a Sintra, é muito provável que os guerreiros nórdicos tenham subido o rio de Colares – outrora navegável – durante a preia-mar, podendo não ter sido provavelmente a primeira vez que forças nórdicas navegaram naquele braço de mar.
Dirigiu-se então á Fortaleza de Sintra que estava na posse dos muçulmanos e Sigurd resolve pôr-lhe cerco. Uma batalha dura e difícil, mas que os noruegueses ganharam obrigando todos os habitantes a abraçar o cristianismo, os que se recusaram foram torturados e muitos "cortados aos bocados".
Sigurd tenta ainda um ataque a Lisboa conseguindo pilhar a cidade e ainda ganhar as batalhas em Alcácer do Sal.
Estavam hesitantes entre se fixarem nas terras conquistas ou continuarem a sua expedição para a Palestina, mas finalmente optaram pelo abandono das terras e povoações e reembarcaram em direcção a Gibraltar.
Certamente um outro rumo teria seguido a historia da península ibérica se acaso Sigurd deliberasse estabelecer-se definitivamente no extremo (...) de Lisboa.
Com a partida dos Noruegueses ficaram os mouros tão enfraquecidos que, sob ameaças consentiram na vassalagem ao conde D. Henrique. Este marchou sob o castelo de Sintra reduzindo-o novamente á obediência. Após a morte do conde e libertados da vassalagem só em 1147 "passa definitivamente a fortaleza de Sintra da posse do crescente ao da cruz."
Assim reza a saga nórdica que eternizou os feitos de Sigurd, embora alguns pormenores sejam bastante duvidosos e discutíveis. Nunca é demais recordar que as sagas nórdicas, elaboradas muito posteriormente aos acontecimentos e em forma de poema, misturam memórias de feitos históricos com fábulas, enaltecendo os feitos dos reis nórdicos e dos seus guerreiros.
Fontes: "Sintra Lendária" de Miguel Boim; Artigo encontrado no Facebook
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