Localizado a menos de uma hora de distância de Lisboa é o melhor exemplo do romantismo português. A incrível maravilha arquitetónica que hoje se avista no topo da Serra de Sintra e os seus jardins, igualmente impressionantes, foram construídos no século XIX pelo rei D. Fernando II. Um verdadeiro Palácio de Contos de Fada onde em cada esquina e cada recanto se sente a magia da montanha encantada.
Mosteiro Manuelino
Este Mosteiro fora fundado sobre a primitiva Ermida de Nossa Senhora da Penha, edificada cerca de 1372 por D. Henrique Manuel de Vilhena, Conde de Seia e Sintra e tio do Rei D. Fernando I, em consequência da descoberta local de uma reputada imagem milagrosa daquela invocação por uma pastora no séc. XII.
O Mosteiro de Nossa Senhora da Pena da Serra de Sintra integrante da instituição canónica da Ordem monástica de São Jerónimo, localizada no topo da Serra de Sintra e funcionalmente existente entre c. 1511 e 1834.
Tratava-se de uma pequena capela dedicada a Nossa Senhora da Pena. No final do século XV, o Rei D. Manuel I de Portugal ordenou a construção de um mosteiro no topo da colina, que se tornaria um local de meditação sagrado, albergando cerca de 18 monges.
Reza a historia que o Rei D. Manuel I, bastante afeiçoado ao local, caçava aí um veado branco na coutada da serra, a 10 de Novembro de 1503, quando avistou e reconheceu a chegada a Cascais da frota de nove embarcações comandada por Vasco da Gama, que enviou no ano anterior à Índia.
Consequentemente, em agradecimento a Nossa Senhora da Pena, o Rei manda construir e enriquecer um Mosteiro definitivo nesse mesmo local, cortando e detonando a Penha original numa planície de 80 pés de terraplanagem, levantando depois uma estrutura efémera de madeira em 1503 e depois perenizada em cantaria e abobadada desde 1511.
No percurso histórico do seu património artístico, destaca-se ainda particularmente o retábulo de alabastro da autoria de Nicolau de Chanterene e ofertado pelo Rei D. João III (por ocasião do nascimento do Príncipe D. Manuel de Portugal), o azulejamento parietal ordenado pelo Rei D. Filipe II em 1619 (aquando da sua visita régia a Portugal) e a realização de obras de requalificação motivadas pela queda de um raio em 1743 e realizadas pela intervenção votiva do Rei D. João V.
O terramoto de Lisboa de 1755 levou o mosteiro a desabar. Contudo, as obras de alabastro e mármore da capela sobreviveram milagrosamente.
O mosteiro ficou em ruínas por algumas décadas, tendo sido o Rei D. Fernando II quem recuperou o edifício com o objetivo de construir uma residência de verão para a família real portuguesa. Para este efeito adicionou elementos medievais e islâmicos ao castelo.
Desta forma, o palácio foi construído num estilo extremamente eclético, misturando elementos neogóticos, neomanuelinos, neo-slâmicos e neorenascentistas. Após a morte da Rainha D.Maria II, sua primeira mulher, D. Fernando II casou-se cerca de 7 anos mais tarde com a Condessa d’ Edla, que se tornou responsável pelo design do interior do palácio.
A Obra da Pena
Idealizado por um príncipe originário da Europa Central que se tornou rei-consorte de Portugal sob o nome de D. Fernando II.
Fernando de Saxe-Coburgo e Gotha chega a Lisboa a 8 de Abril de 1836 para casamento com a rainha portuguesa D. Maria II que reinava em Portugal por vontade do seu pai D. Pedro IV de Portugal e primeiro imperador do Brasil.
O Palácio é constituído por duas alas: o antigo convento manuelino da Ordem de São Jerónimo e a ala edificada no século XIX por D. Fernando II. A obra inicia-se em 1839.
A transformação de um antigo mosteiro num imponente castelo, onde D. Fernando II foi fortemente influenciado pelo romantismo alemão terminou em meados da década de 1860. No entanto, foram posteriormente realizadas várias campanhas de decoração de interiores.
Palácio de Contos de Fada
Pode dizer-se que D. Fernando viveu na sua "querida Pena", como habitualmente chamava ao Palácio, um verdadeiro conto de fadas, pois teve dois casamentos felizes, coisa rara nas casas reais. D. Fernando foi um homem extremamente apaixonado, tanto por D. Maria como pela Condesa.
D. Maria cuja morte prematura o deixou profundamente abalado ao ponto de se desinteressar temporariamente pelas obras a decorrer no Palácio da Pena. Sentimento descrito em cartas, uma delas para a sua prima, a Rainha Vitoria de Inglaterra.
"A quebra de afetos intensos como estes deixa um vazio horrível e uma dor difícil de curar." in Os Criadores da Pena
D. Fernando conhece Elise Hensler, cerca de vinte anos mais nova que ele, numa ia do teatro e aos poucos começam a conviver um com o outro até que se dá o matrimonio, apesar do desagrado de algumas cortes europeias ligadas a D. Fernando por laços de família. Em Portugal o enlace teve também foros de escândalo nacional, sendo o monarca severamente criticado pela nora, a rainha Maria Pia de Saboia, ao que ele lhe terá respondido:
"(...) uma pessoa tem realmente o direito de pensar através do seu próprio coração e de não se importar com preconceitos tolos que no nosso seculo já não deveriam existir." in Os Criadores da Pena
E assim Elise torna-se Condessa d'Edla e será ela que a partir de 1860 começa também a dirigir grande parte da empreitada dos jardins do Parque da Pena, importando árvores de espécies dos Estados Unidos.
No testamento de D. Fernando pode-se ler uma inegável declaração de amor e sobretudo um tributo ao papel que a Condessa terá tido na construção do Parque da Pena, pedido á sua "querida esposa que conserve" as plantações já feitas no parque que por ela foram feitas "com tanta inteligência e bom gosto". E Elise soube honrar a ultima vontade de D. Fernando e foi a verdadeira guardiã da Pena.
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